Há algum tempo que não visitava aquele lugar, mas sempre que lá estava sentia-se realmente em casa. Eram boas as memórias que tinha dos momentos que ali tinha passado, durante muitos anos. Quando alí estava sentia-se a revirar o passado, a reviver as histórias passadas entre aquelas muitas paredes. Sentia necessidade de abrir caixas, caixinhas e baús e sentir o cheiro do antigo. A vida tinha feito dela uma mulher melancólica, que vivia muito agarrado ao passado. Gostava de andar na areia e olhar para trás e ver as pegadas na areia. Gostava de olhar para trás. Não deixava de viver o presente, mas o passado ainda estava presente, demasiado presente. Cada experiência da sua vida tinha-a feito crescer, e agora sabia aproveitar cada momento da sua vida da melhor forma. Na verdade, a água da chuva podia fazer crescer as flores mais bonitas com o raiar do sol numa bela manhã de Primavera.
Naquela tarde de Inverno foi para o sótão. Encontrou uma caixa de recordações, uma caixa de bolachas antiga, cheia de pó, debaixo de umas mantas que a tinham aquecido em tempos, nos tempos e que passava muitas horas a ler, e, ao mesmo tempo, a criar histórias dentro da sua cabeça, onde ela era a personagem principal, e ele, ele...ele era o seu príncipe.
E dentro dessa caixa encontrou uma carta que ele lhe tinha escrito, nos tempos de juras intermináveis e histórias mais do que perfeitas. A tal caixinha...
Próximo dessa pequena caixa, onde estavam guardadas tantas verdades, tantos sonhos, tantas juras e tantas promessas que ficaram por cumprir, a maior testemunha daquele amor, estava um cachecol dele. Devia ter ficado alí esquecido, numa daquelas tardes em que as horas passavam a voar e a única verdade das suas vidas era a presença um do outro.
Passado todo aquele tempo, ainda tinha o seu cheiro. O pó quis se entranhar, mas o aroma do corpo daquele homem tinha ficado ali, agarrado àquela peça de vestuário, da mesma forma que outrora esteve agarrado ao coração dela, ao mundo dela, à vida dela.
As lágrimas, dos olhos cintilantes, começaram a correr pela sua cara...tinha saudades, não dele, não daquele amor, mas da felicidade que tinha vivido. E junto ao peito, agarrou no cachecol...aquele odor ainda estava demasiado presente, era-lhe demasiado familiar. E adormeceu com o cachecol junto ao peito, com o perfume dele junto ao peito, com o odor na memória, com as histórias no coração, com as memórias na alma.
muito bom amiga continua...gostei
ResponderEliminarAté que enfim, Cristina. Vês, não custou nada. Foi só pegar na caneta, encostá-la ao papel e o resto acontece. Gostei muito :) Mas é para continuar, não quero ver este recanto abandonado por muito tempo :)
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