sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Chegares não vai resolver...Sentir o calor do teu corpo, o teu toque na minha pele gelada, a proximidade da tua respiração. Não vai resolver nada vires. Não vai apagar as memórias. Pode afagar, aconchegar, aquecer. Mas depois tudo voltará a gelar, a congelar bem devagarinho, e nem mesmo este quente sol de Inverno vai conseguir subir a baixa temperatura. Não vai. A tua chegada seria como comer batatas aquecidas no microondas, quentinhas até sabe bem, mas quando começam a arrefecer tornam-se intragáveis, um martírio para engolir.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Vem...

Vem, vamos ficar juntinhos a ouvir a chuva cair e o vento a bater nas persianas, a entrar por debaixo da porta e a implicar com as plantinhas no quintal. Vem, vamos deixar o nosso cheiro nos lençóis. Vamos dormitar todo o dia, ficar agarradinhos um ao outro em forma de conchinha. Sentir a tua pele junto à minha, ficar a olhar para ti enquanto dormes. O bater do teu coração enquanto me abraças. O sorriso do teu olhar. Sentir o doce da tua presença. E o meu coração a sorrir, por puder estar a teu lado. Por puder partilhar a minha melancolia neste dia de chuva. Por puder te ter junto a mim. Vem...prometo que farei com que haja muitos dias de chuva! De lençóis enrroscados, de calor num dia frio. De mim, de ti...de nós. Vá, vem!
domingo, 3 de outubro de 2010
Desta vez o barco afundou. Os remos partiram-se, a madeira apodreceu depois de tantas tempestades. O casco aguentou muitas adversidades do mar, mas o porto de abrigo deixou de ter um lugar para si, deixou de ser abrigo. De que valeu ter remos se os braços perderam a força para os puder utilizar? De que valia a embarcação ser de ferro? Até o ferro acaba por se despedaçar. Depois de todas as tempestades, das chuvas mais fortes, dos ventos adversos, a pequena embarcação não sobreviveu ao rigor dos temporais. E nem o par de braços mais forte conseguiu remar, fugir da tempestade e alcançar bom porto.Não houve bonança. Os destroços estão espalhados. Uns no fundo do mar, outros deram à costa em praias desertas. Nunca voltarão a ser uma embarcação, mas enquanto foram um só passaram bons momentos ao sol, apreciaram o sabor do sol, a textura das ondas, o movimento da rebentação.Mas até o sol conseguiu destruir a pintura. Foi bom ser barco. Não queria viver à deriva...mas de nada lhe valeu os remos. Bateu nas rochas, despedaçou.
domingo, 5 de setembro de 2010
O calor foi o mesmo. O sabor foi muito melhor. Talvez a frescura da madrugada fez com que sentisse ainda melhor o bater do teu coração. Não esperava te encontrar, não alí, não daquela maneira. O aperto daquele abraço foi o melhor desde a última vez que a minha mão agarrou a tua. Lembro-me daquela noite em que fugiste da cadeira ao lado da minha, da resposta que acabaste por não dar, das palavras que ficaram por dizer e das lágrimas que teimaram em não cair...
A proximidade do teu corpo ao meu fez o meu coração sorrir, a suavidade da tua pele fez-me lembrar o quanto já foste meu. E como deixaste de o ser. Mas, neste momento, eu não consegui pensar nisso. O cheiro do teu corpo, a cor do teu cabelo. A frescura do teu cheiro. Foi tudo, tanto, muito, naquele pequeno momento.
A proximidade do teu corpo ao meu fez o meu coração sorrir, a suavidade da tua pele fez-me lembrar o quanto já foste meu. E como deixaste de o ser. Mas, neste momento, eu não consegui pensar nisso. O cheiro do teu corpo, a cor do teu cabelo. A frescura do teu cheiro. Foi tudo, tanto, muito, naquele pequeno momento.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Há algum tempo que não visitava aquele lugar, mas sempre que lá estava sentia-se realmente em casa. Eram boas as memórias que tinha dos momentos que ali tinha passado, durante muitos anos. Quando alí estava sentia-se a revirar o passado, a reviver as histórias passadas entre aquelas muitas paredes. Sentia necessidade de abrir caixas, caixinhas e baús e sentir o cheiro do antigo. A vida tinha feito dela uma mulher melancólica, que vivia muito agarrado ao passado. Gostava de andar na areia e olhar para trás e ver as pegadas na areia. Gostava de olhar para trás. Não deixava de viver o presente, mas o passado ainda estava presente, demasiado presente. Cada experiência da sua vida tinha-a feito crescer, e agora sabia aproveitar cada momento da sua vida da melhor forma. Na verdade, a água da chuva podia fazer crescer as flores mais bonitas com o raiar do sol numa bela manhã de Primavera.
Naquela tarde de Inverno foi para o sótão. Encontrou uma caixa de recordações, uma caixa de bolachas antiga, cheia de pó, debaixo de umas mantas que a tinham aquecido em tempos, nos tempos e que passava muitas horas a ler, e, ao mesmo tempo, a criar histórias dentro da sua cabeça, onde ela era a personagem principal, e ele, ele...ele era o seu príncipe.
E dentro dessa caixa encontrou uma carta que ele lhe tinha escrito, nos tempos de juras intermináveis e histórias mais do que perfeitas. A tal caixinha...
Próximo dessa pequena caixa, onde estavam guardadas tantas verdades, tantos sonhos, tantas juras e tantas promessas que ficaram por cumprir, a maior testemunha daquele amor, estava um cachecol dele. Devia ter ficado alí esquecido, numa daquelas tardes em que as horas passavam a voar e a única verdade das suas vidas era a presença um do outro.
Passado todo aquele tempo, ainda tinha o seu cheiro. O pó quis se entranhar, mas o aroma do corpo daquele homem tinha ficado ali, agarrado àquela peça de vestuário, da mesma forma que outrora esteve agarrado ao coração dela, ao mundo dela, à vida dela.
As lágrimas, dos olhos cintilantes, começaram a correr pela sua cara...tinha saudades, não dele, não daquele amor, mas da felicidade que tinha vivido. E junto ao peito, agarrou no cachecol...aquele odor ainda estava demasiado presente, era-lhe demasiado familiar. E adormeceu com o cachecol junto ao peito, com o perfume dele junto ao peito, com o odor na memória, com as histórias no coração, com as memórias na alma.
Subscrever:
Mensagens (Atom)